Live da Expo Motor Home em benefício da comunidade circense acontece neste domingo

Considerado por muitos como os primeiros caravanistas, os circenses tiveram de deixar as tendas erguidas por onde estavam desde o início do isolamento social, em março no Brasil. Por causa desta situação, que inclusive gerou desemprego no setor, a organização da Expo Motor Home está preparando uma live no dia 23 de agosto, domingo, as 16h, para arrecadar cestas básicas para distribuir aos circos. “É um momento muito difícil para este povo que vive o caravanismo e que está sofrendo pelo fato de não poder abrir as portas para o público”, comenta Alexandre Boff, diretor da Expo Motor Home.

O show será transmitido pelas redes sociais da promotora do evento e por parceiros. As pessoas que tiverem interesse em assistir e ajudar a promover uma ação solidária poderão fazer durante o espetáculo. A página no YouTube pode ser acessada por este link: www.youtube.com/expomotorhome

Em Guaramirim – SC, 215 quilômetros distante de Florianópolis, quem visitar o Circo Mix e ver o sorriso e a alegria do palhaço e proprietário do circo não imagina que ele está há praticamente cinco meses sem realizar nenhum espetáculo. “Não temos nenhuma expectativa de retorno”, explica o proprietário Márcio Fermino. Com as políticas de restrição adotadas, o circo não pode sair da cidade e nem tem para onde ir neste momento. O sorriso no rosto é a marca registrada de quem tem a missão de animar a plateia.

Há 14 anos na estrada, o Circo Mix nasceu do sonho de Fermino de ter o próprio circo. Os maiores orgulhos dele são: de ser a terceira geração de circenses e do padrinho do espetáculo. “O Dedé, dos Trapalhões, é nosso padrinho e amigo que muitas vezes realiza apresentações conosco”, conta.
Com a pandemia, os shows que são realizados nos três estados do sul estão cancelados. Por causa disso, das 25 pessoas que trabalhavam com o circo, restaram 15. “Deixei voluntário para quem quisesse sair e procurar outro trabalho”, diz Fermino.

Segundo ele, os que já possuem uma profissão, como motorista por exemplo, tem mais facilidade de encontrar um posto de trabalho. Para os demais, as vagas são mais escassas.

Palhaços, trapezistas, contorcionistas, motociclistas do globo da morte trocaram as performances realizadas em baixo das lonas do circo para vender os produtos nas ruas da cidade. Além deles, há quatro crianças e uma pessoa com deficiência física.

A alternativa encontrada pela família circense foi se unir e mudar alguns hábitos. Uma delas foi a instalação de uma cozinha coletiva e todos fazem a alimentação juntos. “Antes cada um fazia para si e agora fizemos todos juntos para reduzir os custos”, justifica.

Para buscar alguma renda os circenses saíram para as ruas e começaram a vender bolas e maçã do amor, por exemplo. “Ninguém estava preparado para isso”, comenta. A renda que vem da bilheteria é a que sustenta os circos e sem espetáculo é preciso buscar outras alternativas.

Fermino diz que mesmo sem realizar os espetáculos a comunidade tem sido solidária. “O povo é maravilhoso e nos ajuda comprando os produtos que vendemos e a prefeitura também nos ajudou com cestas básicas no início da pandemia”, diz. Conforme o empresário, a impressão é de que os tempos mais difíceis passaram e aos poucos estão conseguindo uma estabilidade.
Para Fermino é impossível ter uma expectativa otimista para o futuro próximo. “Pode ser autorizado a abertura amanhã dos shows, mas o povo não vem por medo, por prevenção”, opina. E, com isso, o setor cultural deve sofrer um grande impacto.

Acostumado a viver de cidade em cidade, a situação desde março é no mínimo diferente. “Artista circense nunca ficou tanto tempo em uma cidade”, assegura.

Talvez muitos nunca tenham percebido, mas Fermino afirma que muita coisa mudou nos últimos anos na vida e rotina dos circenses. Uma destas mudanças é que os artistas migraram das barracas para trailers e motorhomes, na maioria de fabricação artesanal, construídos em ônibus e caminhões. “Hoje os circos tem mais estruturas que antigamente”, diz.
Quanto a participação do público também ele avalia que houve um crescimento. “E sempre são as crianças que trazem os adultos para os espetáculos”, comenta. Mas para atrair mais público, explica Fermino, é preciso se modernizar. “Quem não investiu nos circos perdeu espectadores”, acredita.

A história da família no meio circense é antiga, mas talvez a mais famosa é do pai de Márcio que tinha o Circo Metropolitano. Na época, os compadres da família, Teixeirinha e Mery Terezinha – famosos cantores tradicionalistas no Rio Grande do Sul – faziam apresentações por onde passava o circo. Hoje são três circos da família: Metropolitano, Mix e Kids.